quinta-feira, 19 de maio de 2011

The sound of music parte 9



"Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor"



     Orfeu era o retrato da desolação.Sozinho, em seu quarto,dedilhava nas cordas do violão a sua dor.Havia  uma coisa que martelava sem parar em sua cabeça:"Por quê?Por quê?Por quê?".
    Deixou seu  grande amigo de lado e mergulhou a cabeça entre as  mãos.Eurídice já estava em coma há 10 dias.Sofrera traumatismo craniano grave,ela fora operada pela neurocirurgia,para retirar coágulos e pedaços de ossos de seu cérebro.Mas parece que não adiantou muito,pois ela não reagia,estava em coma profundo,não respondia a nenhum estímulo.Amanhã,os médicos iriam se reunir para definir se ela estava ou não em morte cerebral.Em caso positivo,iriam desligar os aparelhos,doar os órgãos.Ele tinha vontade de voar em cima dos médicos,do pai de Eurídice.Se agarrraria ao último fio de vida dela se fosse preciso,mas não permitiria.Tentara falar com o pai dela,mas ele parecia anestesiado,um zumbi.Não estava suportando a idéia de perder um filho mais uma vez.
   Rodolfo fora preso em flagrante.Enquanto os advogados discutiam se o crime era culposo ou doloso,ele se suicidara na prisão.Não suportara a idéia de ser desmascarado."Covarde",pensou Orfeu,"nem capaz de assumir os seus própios atos o infeliz foi!"
   Ele só pôde entrar na UTI poucas vezes e por poucos minutos.Seu coração se sentiu esmagado em mil pedaços ao vê-la naquele estado,toda enfaixada,cheia de tubos e de fios."Justo agora que ela começava a ser feliz de novo!Não tem lógica!"Ele se sentia impotente no grau máximo.Precisava fazer algo antes que fosse tarde demais,mas o quê?Entar de sorrateiro no hospital e sequestrá-la?Iria precisar de uma UTI móvel para carregá-la.Poderia roubar uma,mas teria que levar o médico junto,mas provavelmente ele não iria ser muito cooperativo num caso de duplo sequestro.
   Repentinamente,teve um "insight".Mesmo que carregasse o corpo dela,ela não estaria ali.Ele não acreditava que o espírito se libertava quando as pessoas dormem?Para aonde os espíritos iriam então,quando as pessoas estavam em coma profundo?Provavelmente, em algum mundo intermediário entre o mundo dos vivos e o dos mortos.Precisava encontra-la,mas como?"Primeiro,tenho que me libertar do corpo também",pensou."Mas,de que maneira?Me matando?"perguntou-se."lógico que não,idiota,eu quero trazê-la para o mundo dos vivos,e não arrastá-la ainda mais rápido para o mundo dos mortos!"
   Correu para o computador.Tinha que descobrir uma maneira de deixar o corpo sem morrer.Lógico,poderia dormir e tentar se encontar com ela em sonho,mas e se não sonhasse ?Além do mais,achava muito difícil que conseguisse dormir aquela noite.Pesquisou sobre viagem astral,projeciologia,meditação,mantras indianos,transe.Tentou tudo,mas nada deu certo.Por fim,começou a gritar histericamente e a chorar tanto que no fim as lágrimas secaram e ele praticamente desmaiaou de cansaço.Seus últimos pensamentos antes de perder a consciência foram uma prece ao seu anjo da guarda,um pedido de socorro desesperado.
    Quando recuperou a consciência,ele pode observar, estupefado,que estava contemplando o seu próprio corpo adormecido,e do alto."Meu Deus,estou voando!Eu consegui!Obrigado!Obrigado!"Conseguiu em parte.Ele estava no mundo astral,ou espiritual,mas ainda não encontrara a sua amada.E,como ele pensava,ela não estava naquele box da UTI,como ele pôde constatar assim que chegou no hospital.Com a visão espiritual,ele pôde ver uma linha muito tênue,que saía do corpo de Eurídice."É o cordão de prata!A linha que liga os espíritos ao corpo material!"Fascinado,constatou que era mesmo verdade que ele ainda existia no corpo dela.Eurídice ainda não estava morta,como queriam provar os médicos,pois o seu cordão da vida ainda não tinha se rompido!Precisava agir rápido,tinha que seguir o fio,pois no final dele era onde ela estava!

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